domingo, 29 de novembro de 2009

De volta...

O retorno de Santa Maria (RS) deixou algumas lembranças pertimentes. Lá ocorreu o Seurs (Seminário de Extensão Universitária da Região Sul) para mostrar as produções dos acadêmicos fora da universidade. Um encontro muito festivo e pouco caloroso sobre a realidade.
Isso me levou a pensar várias coisas. Sem querer contextualizar. As Extensões servem para quê? Levar o desenvolvimento "intelectual" à periferia esquecida? Mostrar como o intercâmbio universidade/sociedade funciona? Ou legitimar uma produção nos moldes taylorista de necessidades sem necessitantes?
Uma gama de hipocrisia multifacetada de saberes; agentes preocupados com o Lattes e nenhum compromisso com ele mesmo, sem ter a percepção que pertence à mesma realidade que os muros reais e simbólicos ousam separar.
O saber continua a ser desenvolvido para quê e para quem? Essa é a pergunta síntese do Seurs.



Mas a população de Santa Maria é calorosa e a cidade é linda!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Debate DCE...

Irá ocorrer hoje (23/11) às 20hrs o debate entre as quatros chapas concorrentes ao Diretório Central do Estudantes. O debate é composto pelas chapas: Descentralize, Alteração (contraditório), Bonde do amor (ou da idiotice) e Vamos à luta construir o novo (nome grande sem subjetividade).
Esse processo eleitoral é um recurso usado para expor os planos de governo das chapas e mostrar aos representados suas "transparências". Mas o que é sempre visto é aglomerações de promessas sem uma realidade politica concreta, sem reconhecer qual é o sujeito resposável por esse espetáculo.
Esse ano, a novidade vem à calhar. Em uma necessidade de prática politica efetiva, alguns estudantes se organizaram para efetuar questionamentos junto a essa instituição. O grupo que compoem essa chapa (Descentralize) mostrou ao longo desse ano várias insatisfações e questionando essa forma de representação. É um inicio ainda incerto e pode dar "panopramanga"; mas o surgimento desse movimento, que atualmente está se lançando como chapa, é uma revolta contra um analfabetismo politico (Brechet) desenvolvido na UEM e representado pelo Bonde-do-Amor.











Então vamos ai!
Lembrando que quarta-feira (25/11) acontecerá as eleições. Levem o r.a. ou algum documento com foto! Segue a dica.

domingo, 15 de novembro de 2009

Mauricio Tragtenberg...


A população brasileira, especialmente os assalariados urbanos e rurais, tem baixo envolvimento ideológico, tanto quanto as classes dominantes.

Os primeiros, especialmente após a Revolução de 30, com a criação do Sindicato Único atrelado ao Estado que vive da contribuição sindical e taxa assistencial descontada compulsoriamente de quem trabalha, na sua maioria, estão fora dos sindicatos e dos partidos políticos. Há categorias operárias, em que 70% não conhecem o nome dos diretores, 60 a 70% não sabem onde está instalada a sede de seu sindicato.

No que tange aos partidos políticos, é válida a afirmação de Oliveira Vianna: “não são entidades de direito público, são entidades de direito privado.” O proletariado urbano até bem pouco tempo seguia coronéis urbanos (Prestes, Getúlio Vargas), a classe média mais qualificada e alguns setores operários seguiam Jânio, a classe média desqualificada e o ‘lúmpen’ seguiam Adhemar de Barros, enquanto ‘líder carismático’. Quanto aos partidos ideológicos, Ação Integralista Brasileira ou PCB, víamos o primeiro, na sua maioria, integrado pela classe média urbana e setores da burocracia civil e militar que seguia Plínio Salgado como ‘Chefe Nacional’; o segundo só fora partido de massas entre 1933/35 e 1945/7 atrás do carisma prestista.

A classe dominante brasileira que tem o poder econômico ‘brincava’ de formar partidos políticos. A União Democrática Nacional era desunida, planejava golpes de Estado (vide 1964) e era pouco nacional; o Partido Social Democrático era pouco democrático e no plano social, um zero à esquerda. Como hoje, o Partido Democrático Social nada tem que ver com o título e o Partido Trabalhista tem tudo, menos trabalhadores de linha na sua direção, vive da exploração política de um morto cujo carisma sua sobrinha pretende incorporar; é o carisma de Getúlio que Ivete quer reproduzir.

Isso não impediu a ‘sagrada união’ desses partidos com facções do PMDB na votação da lei de arrocho, exigida pelo Fundo Monetário Internacional.

E o nacionalismo o que tem que ver com isso?

Entendo que o ‘nacionalismo’ como fenômeno na política nacional emerge após 30 com o ‘Tenentismo’ disposto a reformas sociais e políticas. Porém, Getúlio ap nomeá-los capitães, ‘cooptou-os’, integrando-os à máquina do Estado Novo.

A Ação Integralista Brasileira leva adiante a bandeira nacionalista por mediação de Plínio Salgado, que procura unir a ideologia nacionalista à defesa da pequena propriedade e sua extensão em nível nacional. Seu ódio à industrialização e urbanização define, nesse contexto, uma ideologia de nacionalismo defensivo, que não procura como o fascismo a expansão externa, militar ou não. Tem apoio nas classes médias urbanas, pequenos proprietários rurais, grandes latifundiários e setores civis e militares da burocracia estatal.

Vargas utilizou-a para subir ao poder, eliminado-a após tê-lo em suas mãos, devemos lembrar que o integralismo provém das Ligas Nacionalistas criadas na 1ª República, quando Olavo Bilac criava um ‘nacionalismo patrioteiro’ parnasiano. As Ligas se constituíam numa resposta conservadora aos movimentos sociais operários urbanos vinculados ao socialismo libertário em São Paulo, ou à social-democracia alemã, no Rio Grande do Sul, na mesma época.

Com Vargas, assistimos a emergência de um nacionalismo tático fundado com a implantação do ‘Estado Novo’ (1937/45), porque sua ideologia era ausência de qualquer ideologia, daí sua fama de ‘político’. Com a 2ª Guerra e a industrialização conjuntural que era sua decorrência no País, Vargas emerge como um ‘líder industrialista’. Ao mesmo tempo, cria o ‘sindicalismo de controle’ já em 1931, atrelado ao estado, onde ele no topo executava suas funções como ‘pai dos podres’.

Com Juscelino, teremos o célebre Iseb vinculado ao Ministério de Educação e Cultura – que, segundo ele – tinha como única bandeira ‘amar ao Brasil’.

O nacionalismo isebiano lutava ‘pelos interesses superiores da Nação’, criticava aqueles intelectuais que não compreendiam as ‘nações subdesenvolvidas’, considerava-se expressão autêntica ideologia, porque independente dos interesses específicos de cada classe, o Iseb formulava uma ideologia para a comunidade como um todo. Concebia uma sociologia nacional (desalienada), não falava de capitalismo, mas sim, de nação dependente.

Via a contradição principal entre a periferia e a metrópole e, no nível interno entre o setor moderno (industrial) e o arcaico (latifúndio).

Através de seus ideólogos, o Iseb definia as contradições fundamentais no Brasil; Alvaro V. Pinto pregava a união entre o proletariado e a burguesia autóctone contra o imperialismo e a burguesia industrial alienada; Cândido Mendes unia o empresariado aos assalariados num bloco contra o latifúndio expansionista; Guerreiro Ramos unia a burguesia nacional mais o proletariado contra os setores vinculados à estrutura colonial; Hélio Jaguaribe unia a burguesia nacional à classe média produtiva e o empresariado contra a burguesia latifundiária mercantilista e a classe média cartorial; Nelson W. Sodré, pregava a união entre a burguesia nacional, pequena burguesia e o operariado contra a burguesia latifundiária e o imperialismo; finalmente, Roland Corbisier, unia os industriais ‘autóctones’ ao proletariado urbano e à lavoura tecnificada contra o imperialismo, burguesia latifundiária-mercantil e classes médias parasitas, conforme Caio N. Toledo, ‘Iseb, fábrica de ideologias’, Ed. Ática, 1977, págs. 130/1.

Qual foi a prática de JK, oposta ao nacionalismo isebiano, do qual aproveitou a teoria desenvolvimentista? Sobre sua égide houve a internacionalização da economia, que os militares após 64 aprofundaram às últimas conseqüências com a ‘involução nacionalista’. Seu ‘desenvolvimento’ enriqueceu os mais pobres.

Por isso, entendo que o surto nacionalista perceptível apenas no nível do discurso é hoje fruto da crise conjuntural. Para a classe dominante no Brasil, pode ser uma arma para regatear com o capitalismo mundial maiores facilidades para si.

O nacionalismo que opõe frações de industriais e banqueiros, classe média contra estes e o capital internacional, define contradições secundárias no sistema. A intelectualidade classe média assumindo-o poderá usá-lo para ascensão social nos ‘aparelhos do Estado’. É o ‘interesse nacional’ ideal e o interesse classista particular o real. Para o proletário urbano e rural nada significa, mais envolventes têm sido os ‘saques’ para saciar a fome.

*Contribuição: Antonio Ozaí da Silva, prof. Departamento de Ciências Sociais - UEM
__________
* Maurício Tragtenberg foi professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas em São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nova chapa para DCE

Inicia-se um novo movimento...




Estudantes contra a centralidade do poder!

Agradecendo ao artista Henrique (vulgo "corpis") pela criatividade e pelo pânico.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Agradecimentos...

Mais uma primavera...
Nesse momento me recordo de alguns anos atrás...Alguns não, vários...
O que mudou de lá para cá? Quase tudo!
O que não mudou foi meu atrevimento!





Gostaria de agradecer o comparecimento em massa da galera la na Faca-do-Feijão, o pessoal do violão, à Amiiiiigaaa, a prestatividade da Linda e a paciência de me aguentarem já há alguns anos.


Valeu pessoas!
Lembrando que nesse dia (09/11) é lembrado a queda do muro de Berlim, que esse ano completou 20 anos!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Barulho na Faca-do-Feijão...


Mapinha: na rua da Lelo (não à Paraná!) no inicio do terceiro quarteirão, pronto, não tem como se perder.


Isso ai galera......10 pila mulher e 12 para los hermanos!
Música da boa, gente firmeza e aquela geladinha que o Homer guardou para voce!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Faca-do-Feijão recomenda...

Gotan Project....sedutor...quente...latino!

Grupo formado em Paris, por Philippe Cohen Solal (França), o cara olhando pra vc!; Eduardo Makoroff (hermanito, argentino!), lado direito; e Chris H. Muller (suíço), com cara mais de
espanhol do que suíço.



Faca-do-Feijão recomenda ouvir a dois...
segue o link (torrent), se caso alguem não tem o programinha de baixar, vou dar uma chance, darei à lambuja! (aqui)

Ouça com muito prazer!

A volta do Acampsi...

Ocorreu no último final de semana (30/10) o Acampsi. Um evento com inúmeras oficinas, palestras e muito som do "bom". A interação entre as pessoas torna-se fato naquele lugar; o sentir, o ouvir e o olhar é passado didaticamente aos ouvintes, o que proporcionou um esvaziamento da loucura adquirida pelo estranhamento do Trabalho. Porem, de volta para nosso cotidiano fica-se as perguntas: Qual o papel da psicologia para uma transformação social? Qual o papel da Universidade para isso? Qual o nosso compromisso com essa transformação? São essas as indagações persistentes no universo da sabedoria aprendida?
A nossa volta à "realidade" mostra a ingenuidade de compreensão que temos da situação real da nossa volta. É claro que o evento é um despertar para esses questionamentos, mas o "despertar" não será necessário enquanto não houver um rompimento do dogma da universidade detentora da "superioridade intelectual". A transformação real necessita que os agentes sociais, que produzem realmente a riqueza tenham oportunidade de acesso, não estou falando de cotas ou vagas reservadas, mas de trazer a sociedade para dentro da universidade de forma homogênea e sincera.
O resultado disso eu não sei, mas como transformação social pode ser um começo!