domingo, 21 de março de 2010

O movimento estudantil...

Por muito tempo o movimento estudantil foi sinônimo de entusiasmo pela transformação do mundo à sua volta, graças às inúmeras pessoas que lutaram ao longo do tempo, e principalmente no período militar, para que os estudantes tivessem melhores condições de estudo e liberdade de expressão e acima de tudo era uma luta ideológica. Os adversários se faziam visíveis. De lá para cá, muita coisa mudou. Antes os ritmos eram mais lentos, hoje somos forçados a ser ágeis; as informações eram mais precisas e mais cheias de significações, agora são agressivas e descartáveis. Mas deixando o saudosismo pífio de lado, olhamos para o nosso contexto UEM (Universidade Estadual de Maringá - PR).
O movimento estudantil passa por um momento frágil, necessitado de significações, mas cheio de objetivações próprias. Uma delas foi o protesto dos estudantes na vinda do governador, onde os mesmos reenvindicavam melhorias para o restaurante universitário e melhores condições financeiras para os estudantes de baixa renda, quando foram recebidos com ironia e descaso do governador Requião, que "disponibilizou" seu chefe francês para auxiliar no restaurante que se encontra precário de funcionários, e uma estrutura física que não suporta o número de estudantes que o frequentam. A outra aconteceu recentemente, na quinta-feira (11/03) para ser mais exato. Para fechar a Calourada 2010 o Bonde-do-Amor contratou a banda gaúcha Cachorro Grande, e a expectativa de uma boa festa era certa. Porém, a polícia ,alegando faltar um documento da "força verde" (salve Jáh!), proibiu a realização da festa. Nós, estudantes, ficamos revoltados pela situação, já que feriu nosso ato de "liberdade" (?) de poder realizar a festa. No outro dia a agitação tomava conta dos agentes estudantis, o que culminou em uma reunião para exigir esclarecimento do reitor Décio Esperândio sobre a situação, pois segundo representantes do DCE os alvarás estavam todos de acordo. Com isso os ânimos subiram. A reunião, que era para pedir esclarecimentos, se tornou símbolo de luta pelo novo movimento estudantil; os estudantes aguardavam furiosamente para querer invadir a reitoria. É evidente que o motivo é banal, pois alguns querem brigar para festar, e como movimentação para uma intervenção na realidade abrangente está muito longe de acontecer; o descaso continua. A associação de moradores da zona 7 viu no Estado sua forma de legitimar o sentimento xenofóbico que se passa. Claro que o DCE irá contestar isso, alegando "dialogar" com as partes. Baléla! O que se vê é um acovardamento por parte dos representantes dos estudantes, já que eles não podem criar "problemas" com a reitoria e com a Associação, pois existem instâncias politicas maiores envolvidas no conflito.
Muito mais do que uma festa ou um protesto com faixas na boca, o que os estudantes querem é serem ouvidos e terem voz. Olhamos para o caso da paridade, os estudantes junto com os funcionários quase nem existem como força no jogo, já que os conflitos políticos são neutralizados, ocasionando a exclusão dos estudantes e funcionários enquanto entidades efetivamente representativas. A casa do estudante, que era promessa da atual gestão, ainda não iniciou as construções, o que, com certeza, vai ser outra promessa do vice que pretenderá a reitor.
Se olharmos à nossa volta, veremos um movimento estudantil que passa por uma carência de identidade histórica, identidade essa que é o reflexo da nossa atual universidade e sociedade. As exigências desse movimento estudantil são consideradas primárias e superficiais para alguns, e de alguma forma o são de fato, mas são as exigências dos estudantes, são suas vozes e suas bandeiras. Os estudantes querem ser respeitados e participar desses embates que se dizem ser instâncias superiores, pois eles fazem parte da estrutura social de Maringá, e ajudam a manter tambem várias imobiliárias que mais parecem verdadeiras "ratazanas" esperando a carne Estudante chegar.
Não podemos esquecer que essa entidade chamada Universidade traz consigo as contradições desse movimento estudantil débil. Os estudantes ainda brigam pelo imediato, e sem perceber a complexidade do todo permanece a quere-lo, mas aqui formam também indivíduos responsáveis com a transformação da Humanidade e, com essa finalidade, estão construindo o "novo" movimento estudantil e que vai além dos portões da universidade.

5 comentários:

  1. O texto parece um pouco confuso, porém é o resultado esperado das minhas lutas subjetivas.

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  2. E aí mano! Gostei muito do texto! Achei que você captou bem uma característica que é marcante nesse movimento estudantil que nós vemos na UEM. Quando você diz que nós vemos a nossa volta "um movimento estudantil que passa por uma carência de identidade histórica, identidade essa que é o reflexo da nossa atual universidade e sociedade", acho que você capta bem parte do problema. Digo parte pois apesar de fazer todo sentido esse "reflexo" que vc invoca acima, vc ha de convir comigo o quão abstrato (no sentido de poucas determinações)ele é. Mas acho que é por aí!
    A universidade hoje me parece mesmo um reduto tecnocrata produtor de mão-de-obra (des)qualificada para o mercado de trabalho. Claro que não posso e nem pretendo reduzi-la a esse tão usado jargão. Mas o jargão não nasce no vento. Ele corresponde a uma função da universidade claramente verificável na realidade.
    Somado a isso creio que também, sem muita dificuldade, podemos observar o contexto de opressão e desmobilização de manifestações que vivemos hoje, a nível mundial, seja via coerção moral, econômica ou ideológica.
    Trazendo esses elementos para o nosso dia-a-dia de estudantes notamos que, o modo como, a pequena parcela dos estudantes que se propõe a abrir a boca, reage, vai ser totalmente influenciado, ou por manifestações egoísticas e individualistas próprias de rebeldes sem causa que encaram essa manifestações como uma forma de aparecer de qualquer modo no livro tão desejado da história, ou até mesmo por uma cegueira conjuntural que proporciona ações impensadas e tomadas por uma gana imediata de demonstração de força, essa sim um grande saudosismo frente ao protagonismo estudantil de outrora.
    Penso que é nesse contexto de desmobilização geral e falta de interesse que nós devemos nos debruçar. Porque não é a toa que esse movimento estudantil é cego e corporativista. A maioria dos estudantes quer apenas "caminhar para a morte pensando em vencer na vida". E não é nem um tipo de vanguardismo nós nos darmos conta desse fato. Seria esse reconhecimento algo vital para os estudantes que pensam em, de alguma forma, levar a cabo algum projeto de emancipação. Pisamos em ovos quando não reconhecemos o mundo que esta a nossa volta. E essa é a maior falta desse movimento estudantil. Uma falta de consciência, e uma consequente falta de objetivos.
    Espero ter contribuído pra discussão! Faço uma intervenção que de alguma forma também pisa em ovos, mas que também intenta desvia-los.

    Abraço brother!

    "Que a terra lhe seja leve" (rsrs)

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  3. Boa gauchinho!
    "Era uma vez um homem e seu tempo...
    (Botas de sangue nas roupas de Lorca).
    Olho de frente a cara do presente e sei
    que vou ouvir a mesma história porca.
    Não há motivo para festa: ora esta!
    Eu não sei rir à toa!"
    O que fazer? Lembrando Lenin. Continuar inserido nesse movimento ingênuo e "corporativista" como vc diz? Ou desprezá-lo? Fica a indagação.
    A parte da "abstração" realmente está carênte de determinações concretas, mas o "reflexo" é o que vc está dizendo com "caminhar para a morte pensando em vencer na vida."
    Abraçaummmm irmão!

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  4. A verdade é que tudo está confuso, o mundo está de cabeça pra baixo como se diz.

    Haja movimentos, haja homens e mulheres de boa vontade!

    Neste mundo de consumismo esarcebado,pessoas só querem ter,ter e ter!

    Tem gente sem escrupulos cuidando da saúde alheia, um exemplo claro são as mortes por erro, negligência ou qualquer que seja a denominação.

    Pessaos vão para a universidade, pensado em uma formação que lhe dê status e grana.

    Medicos, com honrosas exceções, estão por aí tratando seus clientes de qualquer jeito, não são raros os clientes que ao chegar ao consultórios e o medico, sem dizer um bom dia ou boa tarde já perguntam: o que voçê tem?
    existe coisa mais idiota. Já ouvi cliente, que ao ser tratado assim, se dirigiu ao medico: Dr, vim aqui pro senhor me ajudar a descobrir e o profissional arrogante, baixou a crista e começou a examinar o moço.

    Então fica aqui o meu desejo: que o ano de 2011, traga mais amor, compreensão e entendimento a todos os seres humanos deste planeta e sobretudo o amor a natureza.

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  5. Vc e seu amogo gaúcho escrevem muito bem, estão realmente de parabéns! Estava a procura de algo crítico para me ajudar em uma redação e vcs pensam exatamente o q eu pensei. Fico feliz em saber q não estou sozinha nessa de tentar mudar essa inércia na qual os jovens atualmente estão inseridos.
    " Se escutar uma voz de vc dizendo:vc não é um pintor, então pinte sem parar de todos os modos possíveis, e aqla voz será silenciada"
    Vicent Van Gogh
    Não desistir de mudar!!

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