domingo, 31 de outubro de 2010

Democracia que me engana...


Nossa democracia, dita representativa, hoje (31/10) selou mais um marco na história desse país. Já diria aquela propaganda: "o país já teve seu primeiro presidente operário, agora vamos eleger nossa primeira presidente(a) mulher." Prossigamos.
Em relação ao ser a primeira presidente mulher, nada de novo; nada mais é do que a reprodução do que há de mais velho. Vejamos alguns exemplos das mulheres na política: na vizinha Argentina, Cristina Kirchner; na Alemanha, Angela Merkel; indo mais para a terra do sol nascente, no Quirguistão, ex-União Soviética (Ásia central) tem a sua primeira chefe de Estado, Roza Otunbayeva. País, aliás, que viveu recentemente uma guerra civil. (Link) Penso que basta de exemplos, porque poderíamos até passar pela rainha Elisabeth na Inglaterra para expor aqui. Levanto esses exemplos para sustentar o argumento sobre se a forma será ou não a mesma de governar de um homem, como pareceu minha interpretação sobre a propaganda. Ou se sua sensibilidade feminina trará uma renovação na forma de governar o país. É obvio que não! Vejamos a primeira parte da frase da propaganda: "o país já teve seu primeiro presidente operário...", pois então, houve algo de novo para a classe trabalhadora, a não ser levantar todos os dias às 6hs para se locomover até ao trabalho? Houve alguma discussão sobre a redução da jornada de trabalho, que pelo contrário, se discute sua flexibilização. Os movimentos sociais teve seus anseios atendidos? A resposta é categórica, Lula como um "operário" se mostrou um ótimo político e articulista. O governo do Partido dos Trabalhadores foi um governo progressista, se comparado ao octênio FHC, mas os passo vão à marcha lenta, e a discussão tem que caminhar até encontrar o sujeito da história, o trabalhador. O que nunca houve na história desse país.

Acreditar que apenas o fato de uma representante do sexo feminino será, por si só, um fator radical de uma mudança, é uma ingenuidade, do mesmo teor de quem abraçou a "onda verde" de Marina Silva, acreditando em mudanças significativas nas políticas ambientais e esquecendo-se, por exemplo, dos interesses das cifras arrebatadoras dos empresários envolvidos em sua campanha, que certamente direcionariam qualquer programa do partido.

Dilma não está tão longe. O PT que ajudou a criar poder de compra para a classe baixa e média de uma forma nunca vista no país, é o mesmo que possibilita o salto astronômico de Eike Batista com suas ações na bolsa. Muito se discute o caráter firme, rígido, exercido pela ministra Dilma, mas infelizmente essas qualidades individuais, pouco ou nada, exercem influência a ponto de esperarmos por dias verdadeiramente melhores.

A discussão não pode ficar ludibriada com o doce sabor da política, pensando nos limites do intelecto político, esquecendo que a política é administração de conflitos e não solucionador do mesmo. Há luta de classes, e a política nacional mostrou, da forma mais schumpeteriana de ser, de quem governa não é um operário, mulher ou um negro, mas uma elite que pensa como classe e age como tal.

Parece-nos que já passou em muito o tempo das discussões e opiniões direcionarem-se às estruturas, algo que supere o blábláblá entorno das caricaturas feitas sobre os candidatos, das mútuas ofensas inócuas de conteúdo político. Temos a potencialidade de irmos muito além das ferramentas democráticas que sustentam o bolo da grande festa da democracia brasileira. E que os maiores pedaços até hoje sabemos para quem ficam.

por Valdivíno Ferreira.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tom Zé...

Antônio José Santana Martins nasceu em Irará (BA) no dia 11 de outubro de 1936. Cantor, compositor, ator, repentista, político e crítico musical Tom Zé vem há tempo declamando a musicalidade brasileira e levando para o mundo sua forma, bem ao modo baiano, de se expressar. Apaixonado pela música inicia-se cedo no mundo artístico, na década de 60 vai estudar música na Universidade Federal da Bahia onde passa a ter contatos com nomes importantes, tais como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa; esse contato resultou na formação de um grupo, que em 1968 lança o disco Tropicália ou Panis et Circensis, juntamente com Maria Bethânia. Porém sua carreira passa a ser realmente conhecida pelo mundo devido ao reconhecimento de um sujeito (David Byrne), que ao ouvi-lo, lança sua obra nos EUA; é somente depois dessa “descoberta” que a crítica (qual?) nacional passa a dar mais atenção a ele.Meu deus, o que seria de mim se Byrne não tivesse me encontrado.”1 Em sua carreira são mais de 20 álbuns, dois DVDs e um documentário (“Fabricando Tom Zé”). Hoje com seus 74 anos de vida vem até Londrina com o show “Pirulito da Ciência”; junto com sua banda, que o acompanha já a muitos anos, Tom Zé consegue conquistar um grande número de jovens que se identifica com sua arte. Tom Zé, na concepção de quem vos escreve, passa através de suas músicas o sentimento de uma classe sempre oprimida pelo mundo desigual. Esse pequeno homem em estatura se mostra autentico ao longo dos anos, e merece todo o reconhecimento que a humanidade pode lhe oferecer.

Para não ficar somente nessa conversa fiada composta por rápidas pesquisadas na internet, colocarei os links do documentário e do disco preferido. Lá vai:


*Fabricando Tom Zé
http://www.4shared.com/file/8frJkQLF/Fabricando_Tom_Z.htm

*Estudando o Samba http://www.4shared.com/file/W2vC09jC/Tom_Z_-_Estudando_o_Samba.htm

Inclusive é esse o disco responsável pela “descoberta.”

Até a próxima!


1-Trecho retirado do documentário Fabricando Tom Zé, que ironiza a fragilidade de ser reconhecido. Direção de Décio Matos Jr.